A família do cantor, compositor e diretor artístico Damasceno Gregório dos Santos, conhecido como Mestre Damasceno, confirmou na manhã desta terça-feira (26) o falecimento do artista, aos 71 anos, em Belém (PA). Reconhecido como um dos maiores nomes da cultura marajoara, Damasceno lutava contra um câncer em estado de metástase no pulmão, fígado e rins.
O velório será aberto ao público em duas etapas: na capital paraense, nesta terça-feira, no Hall do Museu do Estado do Pará, na Cidade Velha, e em Salvaterra, na Ilha do Marajó, a partir de quarta-feira (27), na Câmara Municipal da cidade. O sepultamento está marcado para quinta-feira (28), no Cemitério Municipal São Pedro.
O falecimento ocorreu no mesmo dia em que é celebrado o Dia Municipal do Carimbó, ritmo ao qual Damasceno dedicou grande parte de sua trajetória. O artista deixa um legado de seis álbuns gravados, mais de 400 composições e a criação da festa popular Búfalo-Bumbá de Salvaterra, manifestação que reúne elementos indígenas e quilombolas da cultura marajoara.
Em reconhecimento à contribuição do artista para a cultura paraense e brasileira, o governo do estado decretou três dias de luto oficial. Em nota, destacou que Mestre Damasceno “se eternizou no carimbó, no Búfalo-Bumbá e na força da identidade paraense”.
Artistas e admiradores manifestaram pesar nas redes sociais. A cantora e compositora Dona Onete escreveu: “No Dia do Carimbó o meu preto voltou à terra dos encantados e que siga sendo luz! Deixou um legado imenso para a nossa música, cultura e a lembrança de uma pessoa afetuosa e verdadeira”.
Vida e trajetória
Nascido em Salvaterra, na comunidade quilombola de Salvá, Damasceno cresceu em meio às tradições de boi-bumbá organizadas por seu pai. Na juventude, mudou-se para Belém em busca de melhores condições de vida e trabalhou na construção civil, onde sofreu um acidente que resultou na perda da visão. O episódio marcou o início de sua dedicação integral à música.
Ao longo da carreira, integrou diversos grupos musicais até fundar, em 2013, o Conjunto de Carimbó Nativos Marajoara, ainda em atividade. Sua atuação foi fundamental para a valorização das tradições do Norte do Brasil, especialmente por meio da realização de cortejos e festivais culturais.
Mestre Damasceno foi homenageado em diferentes ocasiões: pela escola de samba Paraíso do Tuiuti, pela Feira Pan-Amazônica do Livro e recebeu a Comenda Eneida de Moraes e a Ordem do Mérito Cultural, reconhecimentos que reforçam sua importância para o patrimônio cultural brasileiro.